domingo, 30 de outubro de 2011

Atividades do mês da Consciência Negra no Museu Capixaba do Negro

Olá amigos!

Durante as obras de reforma do prédio sede do Museu Capixaba do Negro, na Avenida República, centro de Vitória, as atividades da instituição continuam a pleno vapor. Desde o dia 20 de novembro de 2010, as exposições e atividades voltadas para a comunidade estão acontecendo na sede provisória do Museu, na Rua Graciano Neves, 191, também no Centro da Capital. As ações são desenvolvidas para a população através da iniciativa da pŕopria comunidade negra, tendo em vista que o Museu Capixaba do Negro é um Ecomuseu.


A ideia de Ecomuseu surge a partir de 1979, quando Pierre Mayrand expressa a necessidade de que o museu seja, ao mesmo tempo, um centro de interpretação e fornecedor de serviços culturais. Ele defendia que este modelo só seria possível se a comunidade se apropriasse e tivesse o sentimento de pertencimento à sua identidade e seu patrimônio, desmistificando assim o conceito tradicional de museu, definindo de forma coletiva o valor de sua cultura e história. O acervo material e imaterial já não poderia mais ser transformado em meros objetos passíveis de constituir coleções. Agora o objetivo da museologia deveria ser o desenvolvimento comunitário. Para tanto, o museu sai do edifício que tradicionalmente o abriga para permitir sua inserção em outros meios. Assim, o público passa de apreciador à colaborador e criador de um trabalho coletivo, onde a exposição deixa de ser objeto de contemplação.



Segundo Teixeira Coelho, no Dicionário Crítico de Política Cultural, a museologia europeia ou tradicional passaria a ser apenas uma das museologias possíveis a partir do movimento mundial da Nova Museologia. Era a passagem do museu "de alguma coisa" ao museu "para alguma coisa": para uma comunidade e em função da mesma. Diante do conceito de museu integral, a comunidade passa a ser o ator principal, atuando na coleta, conservação e gestão de seu patrimônio histórico e cultural. A população é a responsável pelo museu, sua gestão e funcionamento, de acordo com as necessidades, os conhecimentos e as particularidades da comunidade em que a instituição está inserida.



O Ecomuseu é o espaço onde a população se vê refletida, buscando compreender seu território, sendo também um espaço de resgate de suas raízes culturais e ancestrais. Nos Estados Unidos, os negros criaram uma das maiores referências em ecomuseus no mundo: o Anacostia Neighborhood Museum, em Washington.




Diferente da tipologia de Museu Tradicional, o acervo ou coleção do Ecomuseu é composto por tudo o que há em seu território, seguindo as diretrizes da Nova Museologia, onde tudo é “musealizável”. Isto inclui o patrimônio material e imaterial, além dos bens móveis ou imóveis. O patrimônio cultural deixa de ser estático e se torna vivo, se reinventando a cada dia e pertencente à toda a comunidade. Estes bens são usados também para as ações culturais e servem como objeto de pesquisa dentro do museu. Deste modo, enquanto nos museus de tipologia Tradicional os pilares são o edifício, a coleção e o público, na tipologia Ecomuseu a base fundamental é constituída por três elementos: o território, o patrimônio material ou imaterial e a comunidade.


Assim, a comunidade do Museu Capixaba do Negro, juntamente com a Associação dos Amigos do Museu Capixaba do Negro - AAMUCANE e entidades do movimento negro autônomo da sociedade civil organizada promovem ações especiais para o mês da Consciência Negra. A programação conta com exposições e oficinas abertas à comunidade.

Até o dia 30 de novembro estão abertas as exposições "Mulheres, Museus e Memória" e "Mulheres Negras na História: do silenciamento ao brado". A primeira exposição é uma mostra com obras dos alunos do Centro de Artes da UFES e faz parte da 9ª Primavera nos Museus, evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM. A segunda exposição é promovida pelo Coletivo de Mulheres Negras Aqualtune, do Fórum Estadual da Juventude Negra - FEJUNES. A exposição conta com fotografias e histórias de mulheres negras responsáveis pela luta contra o racismo e a promoção da igualdade racial no Brasil e no Estado. As exposições estão abertas ao público, com entrada franca, de segunda à sábado, das 9:00h às 18:00h.

No mês da Consciência Negra, a partir do dia 01 de novembro estarão abertas as inscrições para as novas turmas das oficinas abertas à comunidade. As oficinas acontecerão de segunda à sábado, pela manhã, à tarde e à noite e podem se inscrever pessoas a partir dos 7 anos de idade. Todos os cursos são isentos de mensalidade e terão 6 (seis) meses de duração. São 100 vagas disponibilizadas para as seguintes oficinas:

- Penteados Afro;
- Capoeira;
- Desenho e pintura;
- Hip-hop (break, rap e grafite);
- Percussão;
- Canto
- Musicalização infantil;
- Cavaquinho, violão e Guitarra;
- Instrumentos de sopro.


Maiores informações e matrículas nos telefones (27) 3019-5041/(27) 9781-1863, ou na sede provisória do Museu, na Rua Graciano Neves, 191, Centro, Vitória, em frente à academia Oficina do Lazer, em cima do restaurante Ellu's.

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