Olá amigos!
Durante as obras de reforma do prédio sede do Museu Capixaba do Negro, na Avenida República, centro de Vitória, as atividades da instituição continuam a pleno vapor. Desde o dia 20 de novembro de 2010, as exposições e atividades voltadas para a comunidade estão acontecendo na sede provisória do Museu, na Rua Graciano Neves, 191, também no Centro da Capital. As ações são desenvolvidas para a população através da iniciativa da pŕopria comunidade negra, tendo em vista que o Museu Capixaba do Negro é um Ecomuseu.
A ideia de Ecomuseu surge a partir de 1979, quando Pierre Mayrand expressa a necessidade de que o museu seja, ao mesmo tempo, um centro de interpretação e fornecedor de serviços culturais. Ele defendia que este modelo só seria possível se a comunidade se apropriasse e tivesse o sentimento de pertencimento à sua identidade e seu patrimônio, desmistificando assim o conceito tradicional de museu, definindo de forma coletiva o valor de sua cultura e história. O acervo material e imaterial já não poderia mais ser transformado em meros objetos passíveis de constituir coleções. Agora o objetivo da museologia deveria ser o desenvolvimento comunitário. Para tanto, o museu sai do edifício que tradicionalmente o abriga para permitir sua inserção em outros meios. Assim, o público passa de apreciador à colaborador e criador de um trabalho coletivo, onde a exposição deixa de ser objeto de contemplação.
Segundo Teixeira Coelho, no Dicionário Crítico de Política Cultural, a museologia europeia ou tradicional passaria a ser apenas uma das museologias possíveis a partir do movimento mundial da Nova Museologia. Era a passagem do museu "de alguma coisa" ao museu "para alguma coisa": para uma comunidade e em função da mesma. Diante do conceito de museu integral, a comunidade passa a ser o ator principal, atuando na coleta, conservação e gestão de seu patrimônio histórico e cultural. A população é a responsável pelo museu, sua gestão e funcionamento, de acordo com as necessidades, os conhecimentos e as particularidades da comunidade em que a instituição está inserida.
O Ecomuseu é o espaço onde a população se vê refletida, buscando compreender seu território, sendo também um espaço de resgate de suas raízes culturais e ancestrais. Nos Estados Unidos, os negros criaram uma das maiores referências em ecomuseus no mundo: o Anacostia Neighborhood Museum, em Washington.
Diferente da tipologia de Museu Tradicional, o acervo ou coleção do Ecomuseu é composto por tudo o que há em seu território, seguindo as diretrizes da Nova Museologia, onde tudo é “musealizável”. Isto inclui o patrimônio material e imaterial, além dos bens móveis ou imóveis. O patrimônio cultural deixa de ser estático e se torna vivo, se reinventando a cada dia e pertencente à toda a comunidade. Estes bens são usados também para as ações culturais e servem como objeto de pesquisa dentro do museu. Deste modo, enquanto nos museus de tipologia Tradicional os pilares são o edifício, a coleção e o público, na tipologia Ecomuseu a base fundamental é constituída por três elementos: o território, o patrimônio material ou imaterial e a comunidade.
Assim, a comunidade do Museu Capixaba do Negro, juntamente com a Associação dos Amigos do Museu Capixaba do Negro - AAMUCANE e entidades do movimento negro autônomo da sociedade civil organizada promovem ações especiais para o mês da Consciência Negra. A programação conta com exposições e oficinas abertas à comunidade.
Até o dia 30 de novembro estão abertas as exposições "Mulheres, Museus e Memória" e "Mulheres Negras na História: do silenciamento ao brado". A primeira exposição é uma mostra com obras dos alunos do Centro de Artes da UFES e faz parte da 9ª Primavera nos Museus, evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM. A segunda exposição é promovida pelo Coletivo de Mulheres Negras Aqualtune, do Fórum Estadual da Juventude Negra - FEJUNES. A exposição conta com fotografias e histórias de mulheres negras responsáveis pela luta contra o racismo e a promoção da igualdade racial no Brasil e no Estado. As exposições estão abertas ao público, com entrada franca, de segunda à sábado, das 9:00h às 18:00h.
No mês da Consciência Negra, a partir do dia 01 de novembro estarão abertas as inscrições para as novas turmas das oficinas abertas à comunidade. As oficinas acontecerão de segunda à sábado, pela manhã, à tarde e à noite e podem se inscrever pessoas a partir dos 7 anos de idade. Todos os cursos são isentos de mensalidade e terão 6 (seis) meses de duração. São 100 vagas disponibilizadas para as seguintes oficinas:
- Penteados Afro;
- Capoeira;
- Desenho e pintura;
- Hip-hop (break, rap e grafite);
- Percussão;
- Canto
- Musicalização infantil;
- Cavaquinho, violão e Guitarra;
- Instrumentos de sopro.
Maiores informações e matrículas nos telefones (27) 3019-5041/(27) 9781-1863, ou na sede provisória do Museu, na Rua Graciano Neves, 191, Centro, Vitória, em frente à academia Oficina do Lazer, em cima do restaurante Ellu's.
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